História do Fado - Parte 3
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FADO MODERNO


O fado moderno iniciou-se e teve o seu apogeu com Amália Rodrigues. Foi ela quem popularizou fados com letras de grandes poetas, como Luís de Camões, José Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O’Neill, David Mourão-Ferreira, José Carlos Ary dos Santos e outros, no que foi seguida por outros fadistas como João Ferreira-Rosa, Teresa Tarouca, Carlos do Carmo, Beatriz da Conceição, Maria da Fé, Carlos Macedo, Mísia ou Dulce Pontes. Tornou-se conhecida mundialmente como a Rainha do Fado e, por consequência, devido ao simbolismo que este género musical tem na cultura portuguesa, foi considerada por muitos como uma das suas melhores embaixadoras no mundo. Aparecia em vários programas de televisão pelo mundo fora, onde não só cantava fados e outras músicas de tradição popular portuguesa, como ainda canções contemporâneas (iniciando o chamado fado-canção) e mesmo alguma música de origem estrangeira. Pode dizer-se que Amália levou a voz do Fado a todo o mundo, contribuindo em muito para que esta expressão cultural seja reconhecida universalmente. Entrevista com Amália Rodrigues ▼
Amália Rodrigues - Estranha forma de vida
Letra: Amália Rodrigues / Música: Alfredo Marceneiro


Também João Braga tem o seu nome na história da renovação do fado, pela qualidade dos poemas que canta e música, dos autores já citados e de Fernando Pessoa, António Botto, Affonso Lopes Vieira, Sophia de Mello Breyner Andresen, Miguel Torga ou Manuel Alegre, e por ter sido o mentor de uma nova geração de fadistas. Acompanhando a preocupação com as letras, foram introduzidas novas formas de acompanhamento e músicas de grandes compositores: com Amália é justo destacar Alain Oulman (um papel determinante na modernização do suporte musical do fado), mas também Frederico de Freitas, Frederico Valério, José Fontes Rocha, Alberto Janes, Carlos Gonçalves. Entrevista com João Braga ▼
João Braga - Rapsódia de Fados


Autor e intérprete de uma obra singular no panorama musical português, pelo seu lirismo, pureza e musicalidade, João Ferreira-Rosa é um dos maiores expoentes do fado tradicional e lusitano ainda vivos. Monárquico e tradicionalista, os seus fados abordam o amor e o sentimento de perda ("Triste sorte", "Os lugares por onde andámos", "Fado das Mágoas", "Mansarda" ou "Pedi a Deus", todos com letra de sua autoria), mas também, de forma recorrente, a nostalgia dos tempos perdidos, de um Portugal esquecido, da terra e do mar, das tradições e das touradas, onde se podem inserir temas como "Acabou o Arraial", "Fado Alcochete" ou o "Fado dos Saltimbancos", os dois primeiros também com letra sua. O fado que o torna conhecido do grande público é este "Fado do Embuçado", tema incluído no seu primeiro EP, editado em 1961. Composição singular, com música do Fado Tradição, da cantadeira Alcídia Rodrigues, e letra de Gabriel de Oliveira, é incontornável em qualquer noite ou tertúlia fadista. Entrevista com João Ferreira-Rosa ▼
João Ferreira-Rosa - Fado do Embuçado
Letra: Gabriel de Oliveira / Música: Alcídia Rodrigues


Desde essa primeira vez em que Carlos do Carmo cantou, de forma informal, para um grupo de amigos, que se sucedem as apresentações ao vivo, em palcos dos cinco continentes. As suas passagens no Olympia de Paris, nas Óperas de Frankfurt e de Wiesbaden, no Canecão do Rio de Janeiro, no Savoy de Helsínquia, no Auditório Nacional de Paris, no Teatro da Rainha em Haia, no Teatro de São Petersburgo, no Place des Arts em Montréal, no Tivoli de Copenhaga ou no Memorial da América Latina em São Paulo são alguns dos muitos momentos altos na carreira do fadista. Para além dos espectáculos por diversos países, a intensa actividade de Carlos do Carmo inclui, programas de televisão onde está bem patente a sua facilidade de comunicação com o público na transmissão de valiosa informação para a história do Fado, mas também uma relação próxima com as novas gerações do fado. Em 2014 torna-se, a par da soprano Elisabete Matos, no segundo artista português a ganhar um Grammy, obtido na categoria Lifetime Achievement, entregue apenas aos artistas pelo conjunto da obra que produziram ao longo da sua carreira. Entrevista com Carlos do Carmo ▼
Carlos do Carmo - Lisboa Menina e Moça
Letra: Ary dos Santos, Joaquim Pessoa e Fernando Tordo / Música: Paulo de Carvalho


Beatriz da Conceição visitou a capital com um grupo de amigos e foi à casa de fados Márcia Condessa onde acabou por ser convidada a cantar. Após a sua interpretação a própria Márcia Condessa contratou-a para integrar o elenco. Estabeleceu-se em Lisboa como fadista e, passado um ano, tirou a carteira profissional. Em Maio de 2008 Beatriz da Conceição foi distinguida com o “Prémio Carreira” da Fundação Amália Rodrigues, e nesse mesmo mês foi homenageada na sua cidade natal, com o espectáculo “Alma Lusitana”, que teve lugar no Teatro Sá da Bandeira. O maestro Paul van Nevel, fundador do Huelgas Ensemble, que gravou “Tears of Lisbon” com Beatriz da Conceição, em 1996, realçou, no texto desse álbum, “a força contida” da fadista, afirmando que a sua interpretação é de uma tal tristeza emotiva, que consegue imprimir poesia “mesmo aos silêncios entre as palavras e versos”.
Beatriz da Conceição - Alguém
Letra: Guilherme Pereira da Rosa / Música: Miguel Ramos


Oriunda de uma família ligada à música e representante do que era denominado de "Fado Aristocrático", Teresa Tarouca começou a cantar desde muito cedo, influenciada por Amália Rodrigues e Maria Teresa de Noronha. A sua primeira apresentação em público aconteceu, com apenas 13 anos. Assinou contrato com a RCA, em 1961, para a gravação do primeiro disco. Trabalhou com uma vasta galeria de autores de qualidade como D. António de Bragança, João de Noronha, Casimiro Ramos, João Ferreira-Rosa, Francisco Viana, Alfredo Marceneiro, D. Nuno de Lorena, Pedro Homem de Mello e Maria Manuel Cid. Teresa Tarouca ganhou vários prémios nacionais e internacionais e actuou em muitos países como Dinamarca, Bélgica, Espanha, Estados Unidos e Brasil. Em Maio de 1994 comemorou os 33 anos de carreira, num grande espectáculo no Teatro Tivoli.
Teresa Tarouca - Caia chuva do céu cinzento
Letra: Fernando Pessoa


Intérprete de temas emblemáticos como "Cantarei até que a voz me doa", de autoria de José Luís Gordo e de José Fontes Rocha; ou "Valeu a Pena", composto pelo prof. Moniz Pereira, Maria da Fé é uma figura incontornável do universo do fado desde a década de 1960. Na sua vasta discografia conta com cerca de 30 Lps e 15 Cds. Através da casa Senhor Vinho a fadista mantém uma grande ligação com as novas gerações de fadistas, tendo muitos intérpretes registado uma passagem pelo elenco do seu restaurante, como é o caso de Mariza, Camané, Ana Moura, Aldina Duarte ou António Zambujo, entre outros.
Maria da Fé - Cantarei até que a voz me doa
Letra: José Luís Gordo / Música: Fontes Rocha


Camané despertou para a música um pouco por acaso, quando durante a recuperação de uma maleita infantil se embrenhou na coleção de discos dos pais. Deixa-se fascinar desde cedo pelos grandes intérpretes do Fado. Com apenas 11 anos Camané participa na Grande Noite do Fado, numa época em que não havia sequer competição em separado para os mais novos. Dois anos depois, na edição de 1979, alcança a vitória e é convidado a gravar um LP produzido por mestre António Chainho, era apenas o início de uma carreira brilhante de um grande senhor do Fado. Eleito pela crítica especializada como a voz mais representativa da nova geração do Fado, a qualidade do seu trabalho é reconhecida também pelo grande público, abrindo-lhe a porta das salas de espetáculos. Sérgio Godinho escreve assim sobre o fadista, no livro do musicólogo Rui Vieira Nery, Para Uma História do Fado: "Do Camané deve dizer-se que não há palavras, a não ser as que exigem silêncio, que ele vai cantar o fado. E fica-se, de boca aberta e veneranda, em presença do novo príncipe, do plebeu mais ilustre dos nossos sentimentos". Entrevista com Camané ▼
Camané - Fado da Sina
Letra: Amadeu do Vale / Música: Jaime Mendes


Hélder Moutinho nasceu em Oeiras em 1969. Filho de Manuel Paiva, Hélder é o irmão do meio dos também fadistas Camané e Pedro Moutinho. Desde muito novo visitava com a família as casas de fado tendo enveredado, já na sua juventude, pela exploração de outros géneros musicais. No entanto, só em 1993, aos 24 anos, começou a cantar fado. Antes ainda de lançar o seu primeiro disco. Hélder Moutinho revelou-se um letrista de sucesso, veria duas das letras de sua autoria serem gravadas por Mísia. Além disso, é possível encontrar letras de Hélder Moutinho em álbuns de Maria Dilar, Joana Amendoeira, Ana Laíns, Chico Madureira, Marco Rodrigues ou Raquel Tavares.
Helder Moutinho - Já Não Te Espero
Letra: Fernando Monge / Música: Armandinho

[FONTES]: Museu do FadoFado na wikipediaPortal do Fado | Imagens: Amália Rodrigues © culturallmind.comJoão Braga @ Geneall.netJoão Ferreira-Rosa @ blog "A Qualidade do Silêncio"Carlos do Carmo @ movenoticias.comBeatriz da Conceição @ bomdia.euTeresa Tarouca © MEO MusicMaria da Fé @ YoutubeCamané © site oficialHélder Moutinho © Rbajouca - Logotipo adaptado do site sevenmuses.pt
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